terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Volta das visitas à Ilha!

É com muita alegria que anunciamos a volta das visitas até a Ilha das Pedras Brancas!
Convidamos a tod@s para conhecer de perto a história e o ambiente ímpar desta pequena ilha no meio do Guaíba e observar nossas paisagens de outra perspectiva! É preciso sempre lembrar nossa história e valorizar este ambiente!

As visitas ocorrem todo 1º domingo de cada mês!


Horários:    1ª partida: 8:30hrs
                 2ª partida: 9:30hrs
                 3ª partida: 10:30hrs
                 4ª partida: 11:30hrs


Saída: Ao lado do Terminal Hidroviário de Guaíba - Av. João Pessoa, 966.


Valor: R$ 15,00 por pessoa.
A embarcação tem capacidade máxima de 18 pessoas por passeio.


A visita é guiada por monitores locais com informações históricas e ambientais da ilha.
Tem uma duração aproximada de 1 hora, onde é posível conhecer as ruínas do presídio, e fazer trilhas pelas rochas, observar fauna e flora assim como admirar as paisagens vistas de lá!
É ideal o uso de roupas leves e calçados propícios para caminhada. 
O passeio não é aconselhado para crianças menores de 7 anos ou pessoas com dificuldades de locomoção.
Em caso de chuva ou ventos fortes a visita fica transferida para o domingo seguinte.


As reservas podem ser feitas através do e-mail: ilhapedrasbrancas.guaiba@gmail.com, pelo telefone da Sec. de Turismo de Guaíba: (51) 3491-1888 (em horário comercial) ou pelo (51) 84144370.


Sugerimos reservar seus lugares para garanti-los!
Além dos passeios regulares, grupos fechados, de até 18 pessoas, podem solicitar passeios, conforme nossa disponibilidade!


Participem e divulguem!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Para manter viva nossa história!


      Além de guaibenses, os passeios culturais à Ilha Pedras Brancas têm despertado interesse de pessoas de outras cidades. No último domingo, 3 de abril, no passeio que lembrou os 28 anos da desativação do presídio na Ilha, grupos de pessoas de Gravataí, Camaquã, Porto Alegre e Guaíba participaram da atividade realizada, que, além de ajudarem na limpeza do local, conheceram um pouco mais de sua história.
      Cintia de Moura veio de ônibus de Camaquã para conhecer a Ilha e não se arrependeu. Desceu na BR 116 e pegou outro ônibus para chegar no centro da cidade e embarcar no barco Travessia. Segundo ela, no mês de março, veio a Guaíba com a pretensão de fazer a travessia de barco Guaíba e Porto Alegre. Ao chegar no local, soube que ela não estava funcionando, então descobriu os passeios na Ilha das Pedras Brancas e resolveu retornar à cidade. "Achei o passeio legal e com algumas melhorias o local é uma boa opção de turismo", disse. Da Cidade Baixa de Porto Alegre estavam João Finamor e Rose Brocca que ficaram encantados com a beleza natural da Ilha e a vista que tiveram da Capital e pretendem voltar e trazer mais pessoas.
      A AMA - Associação Amigos do Meio Ambiente e a Associação Pró-Cultura de Guaíba agradem a presença de tod@s ao quarto passeio de 2011 até à Ilha das Pedras Brancas!
Sintam-se sempre convidados a visitar novamente esta ilha cheia de histórias e belezas!
Divulguem aos seus amigos e familiares!
O próximo passeio será no dia 1 de maio!






terça-feira, 1 de março de 2011

A Guerrilheira - Mistérios e Mortes na Ilha do Presídio

      Livro escrito por Índio Brum Vargas, preso político da ilha, eleito vereador de Porto Alegre, no tempo da ditadura, tendo seu mandato cassado vinte dias após assumir a Câmara.
       Romance histórico que narra um plano de tomada da guarda e fuga da ilha, regado a algumas discussões filosóficas entre os presos, e com direito a um parêntesis que conta uma das versões da história dos dois túmulos existentes perto da parede norte da antiga prisão.

A Guerrilheira - Mistérios e Mortes na Ilha do Presídio
Índio Vargas
Editora AGE, 2005.

      A história, que alia personagens fictícios a fatos reais ocorridos durante a ditadura militar de 1964, conta as experiências do autor na época em que era preso político na Ilha do Presídio, em 1970. Na trama, Tânia, personagem principal, ajuda 46 presos a fugirem da ilha, através de um plano de alto risco. Além de ter que lidar com o sofrimento adquirido na prisão, com essa atitude, a protagonista passa a ter que conviver com a solidão da vida na clandestinidade, restos de uma ditadura que dominou o País durante quase vinte anos.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Ilha do Presídio - Uma Reportagem de Idéias

      Segue uma dica de leitura para aqueles que querem conhecer um pouco sobre a Ilha das Pedras Brancas durante a época em que funcionava o presídio que abrigou presos comuns, e posteriormente, durante a ditadura militar brasileira, presos políticos, como o Dep. Estadual Raul Pont, o Advogado Carlos Araujo (ex-marido da Presidente Dilma Rousseff) e o Juiz da Justiça Militar do Rio Grande do Sul João Carlos Bona Garcia, além de outros tantos militantes que foram presos por manterem-se firmes em seus ideais de pátria livre.

Ilha do Presídio - Uma Reportagem de Idéias
Christa Berger e Beatriz Marocco (org.)
Editora Libretos, 2008.
      A idéia era provocar um distanciamento da sala de aula na universidade e da redação jornalística para poder neste território neutro refletir e praticar um tipo de jornalismo diferente, duplamente independente: do que se ensina e do que se faz. O que Foucault chamou de "reportagem de idéias".
      A Ilha das Pedras Brancas - simultaneamente abandonada e disputada há décadas por diversas forças sociais - as ruínas do presídio, a memória traumática da ditadura, o passado atualizado que poderá vir a ser explorado pela indústria do turismo. Tudo sob o ponto de vista de um grupo de dez jovens, jornalistas e estudantes de jornalismo, que refletiram e fizeram funcionar o conceito de Foucault, em dezenas de entrevistas e pesquisa documental.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Gruta da Ilha recebe devotos de Navegantes


      A gruta de Nossa Senhora dos Navegantes, na Ilha das Pedras Brancas, recebeu dezenas de devotos na manhã de quarta-feira, 2 de fevereiro. Uma procissão foi realizada com embarcações e por canoístas da Guahyba Associação de Canoagem.
      Na Ilha, em frente as celas do presídio, ocorreu uma celebração com o pároco da Igreja Nossa Senhora do Livramento, Elemar Grieber. Padre Elemar lembrou a origem da festa de navegantes e após deu a bênção aos presentes e a gruta de Nossa Senhora dos Navegantes. Durante a manhã, após a cerimonia, ocorreram os tradicionais passeios de barco até a Ilha.

 


                                                                                                                               Fotos: Valmir Michelon

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Celebração na Ilha das Pedras Brancas


       Pelo segundo ano, católicos promovem, no dia 2 de fevereiro, dia de Nossa Senhora dos Navegantes, celebração junto a gruta na Ilha das Pedras Brancas. O evento contará com a participação de canoístas, pescadores, proprietários de barcos e jet skis. Haverá uma embarcação que levará os interessados, e terá primeira saída às 7h30min da manhã com o barco Travessia e a segunda saída as 8h30min, o local de embarque é atrás da Estação Rodoviária de Guaíba (Av. João Pessoa, 966). A celebração acontece às 10h, com a presença do pároco da Igreja Nossa Senhora do Livramento, Elemar Grieber. Para quem desejar ir com o barco Travessia o valor é R$ 10,00 e devem confirmar lugar pelo telefone 9616-7059 ou 9963-2970. Após a celebração haverão outros passeios de barco até a Ilha, com saídas às 10h30min e 11h30min.
  
  
SAIBA MAIS:

Até o momento não há registros de quem colocou imagem de Nossa Senhora do Livramento, na Ilha,  provavelmente tenha sido feito por policias que trabalharam no local na época do presídio, uma vez que o acesso a presos dentro da Ilha era restrito. Em 2007 a imagem que já estava desfigurada pela ação do tempo chegou a ser levada embora por algum visitante e através de uma ação de católicos da cidade e com o apoio do padre Laênio Custódio, uma  nova imagem foi colocado no local e desde o ano passado ocorrem celebrações no local para pedir que Nossa Senhora dos Navegantes proteja a cidade de Guaíba e as pessoas que navegam pelo lago.


sábado, 22 de janeiro de 2011

Uma noite na Ilha do Presídio

      Assim que o barco atracou na Ilha das Pedras Brancas, mais conhecida como Ilha do Presídio, às 20h50min da última quinta-feira, um senhor de 70 anos sentiu um suor frio percorrer o corpo. Pela primeira vez, retornava ao local onde esteve preso por 90 dias e foi torturado, na década de 1960, durante o regime militar.
      – Vi horrores aqui – conta o aposentado, que prefere não se identificar, com os olhos marejados.
      Era uma das 48 pessoas que atravessaram o Guaíba, em uma viagem de 25 minutos, para assistir à estreia de Viúvas, Performance sobre a Ausência – Trabalho em Andamento, da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Encenada até o dia 29 na ilha que guarda as ruínas de um presídio (desativado em 1983), a 2,5 quilômetros de Porto Alegre, a peça evoca os desaparecidos durante as ditaduras na América Latina.
      O ponto de saída do público foi a Usina do Gasômetro, na Capital, onde, às 19h, há a distribuição de senhas para o espetáculo com entrada franca. Às 20h em ponto, um ônibus levou os espectadores para o Sava Clube, na Vila Assunção, de onde zarpou o barco.
      Estavam lá casais, grupos de amigos, jovens, adultos e idosos de Porto Alegre, Florianópolis, Rondônia, Canadá e Espanha – muitos de férias. Alguns em busca de um passeio por um local raramente visitado, outros movidos pelo novo espetáculo de um grupo de teatro referencial há 33 anos, e outros, ainda, atrás de um acerto de contas com o passado. Ou todos os motivos juntos.
      Na viagem, sem que ninguém suspeitasse, um ator já estava em meio aos espectadores, com figurino discreto. A poucos metros da ilha, Eugênio Barboza se levantou para dar início ao espetáculo, interpretando um escritor no exílio – fato que remete à biografia do autor da peça, o chileno Ariel Dorfman, que a assina em parceria com o norte-americano Tony Kushner.
      A primeira imagem que o público tem da ilha é de Sofia (Tânia Farias) sentada em uma pedra, como quem espera por alguém. Ela é uma das mulheres de um povoado cujos pais, maridos e filhos estão desaparecidos. Contrariando as demais, Sofia se recusa a ficar calada frente aos engravatados de metralhadora em mãos, comandados pelo Capitão (Paulo Flores), que controlam o local. O público tem a oportunidade de percorrer, com os personagens, as escadarias que dão acesso ao presídio, o interior com suas celas hoje vandalizadas, a área verde que circunda a construção, suas ruínas e um espaço com vista para o Guaíba.
      Em cena, os 24 integrantes do elenco apresentam o frescor de um grupo que acredita no teatro como se fosse a primeira vez. Emocionante e surpreendente, Viúvas culmina com a festa da colheita, cena em flashback em que os personagens do povoado cantam, dançam e servem ao público vinho e pão. Esse é o teatro ritual do Ói Nóis Aqui Traveiz. As atuações são cativantes, e a iluminação faz o local parecer ter sido criado para o espetáculo, e não o inverso.
      Com a peça em andamento, um espectador por vezes se desviava do foco da ação para caminhar pela ilha. No interior do presídio, quando viu a primeira cela do corredor à esquerda, chorou. Lairton Galaschi Ripoll, 72 anos, jornalista aposentado e sobrinho-neto da poeta Lila Ripoll, esteve preso ali durante cinco dias, em outubro de 1965.
      – Passa na retina tudo o que aconteceu. Na época, eu tinha 25, 26 anos, estava na flor da juventude. Ainda não tinha visto tortura. Eles nos colocavam em um tonel cheio de fezes, com um saco de linhagem na cabeça, e também nos obrigavam a mergulhar no Guaíba gelado à noite – relembra.
      Sobre Viúvas, a imagem será outra:
      – Não pode ter algo mais bonito, com profundidade e conteúdo sociológico.
      Ainda houve tempo para avistar um rosto conhecido na volta do barco. Era o ex-deputado estadual e ex-chefe da Casa Civil do governo Yeda Crusius, Cezar Busatto. Ao lado da mulher, Busatto observa:
      – Achei genial eles terem conseguido escolher esse lugar, porque se não fosse em um ambiente assim a peça não teria essa carga, essa força.
      O barco atraca. No ônibus de volta ao Gasômetro, silêncio. Ninguém esquecerá tão cedo o que aconteceu naquela ilha.

Confira abaixo relato escrito por Lairton Galaschi Ripoll, um dos espectadores da estreia da peça, que esteve encarcerado como preso político na Ilha do Presídio:

       “Existe uma enorme diferença entre  os anos de 1965, quando fui conduzido algemado num barco a motor, permanecendo cinco dias completamente isolado e com sessões de tortura tipo “afogamento”. Em um tambor de óleo com água podre, urina, fezes e outros detritos, mergulhavam minha cabeça encapuzada com um saco de linhagem várias vezes, me obrigando a revelar o sonho de um jovem idealista e nacionalista. Posteriormente, me deixavam uma tarde inteira sem tomar banho. O cheiro era insuportável. À noite, era obrigado a tomar banho no rio Guaíba.
      Mas voltei à Ilha do Presídio 45 anos depois, levado pelo barco Martin Pescador, com aproximadamente 50 convidados, numa alegria constante e saboreando um vento gostoso do rio Guaíba e também pela vontade de reconhecer a antiga Ilha da Pólvora, pela inusitada e não convencional ideia da  Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz de apresentar e encenar a peça teatral Viúvas, Performance sobre a Ausência – Trabalho em Andamento. Comovente foi sua apresentação em vários locais da ilha, iluminação e música perfeitas e uma interação entre atores e público.
      Mas a carga emocional de quem já foi “hóspede oficial” do presídio em 1965 foi enorme. A emoção ao visitar a cela 1, em cujo corredor se desenrolava a peça teatral, ultrapassou  o limite emocional e lágrimas surgiram na retina de meus olhos. Outros presos políticos devem visitar os “novos habitantes temporários da ilha” até o dia 29 de janeiro.
      Vamos lutar pela  revitalização da Ilha do Presídio. Projetos ambientais, culturais e turísticos devem ser analisados profundamente pelos órgãos governamentais. A ilha não pode ser esquecida. Ela é um patrimônio histórico do Rio Grande do Sul. A encenação teatral, tenho certeza, caiu ao agrado do público. Sucesso garantido neste ano de 2011.”
Os 48 espectadores embarcam, na Zona Sul de Porto Alegre, às 20h20min
Tempo de viagem até a Ilha das Pedras Brancas é de 25min
Espectadora acompanha a chegada na Ilha
Tânia Farias interpreta Sofia, uma mulher que perdeu pai, marido e dois filhos
Considerada louca por outras mulheres, Sofia (Tânia Farias) é uma voz contra o esquecimento
Personagens remetem aos engravatados que lideraram ditaduras na América Latina
Personagens capitão (Paulo Flores), ao fundo, e militar (Clélio Cardoso) recebem o público em terra firme
Público acompanha as primeiras cenas
Na peça, militar carrega um corpo em direção ao presídio
Sofia (Tânia Farias) conta aos netos (Caroline Vetori e Eduardo Cardoso) histórias ancestrais
Na peça, militares se dirigem às mulheres do povo que perderam seus homens
Sofia (Tânia Farias) carrega quatro cadeiras nas costas, lembrando do pai, do marido e dos dois filhos desaparecidos
Espetáculo é apresentado em meio às ruínas do presídio, desativado definitivamente em 1983
Na parte de dentro do presídio desativado, personagens trabalham com o milho
Espetáculo cria imagens poderosas como a da chuva de milho
Sofia (Tânia Farias) relata cenas de seu passado
Personagens cantam em lembrança dos homens desaparecidos do povoado
No final do espetáculo, as cadeiras que lembram os personagens desaparecidos são tomadas por chamas

Zero Hora - 21/01/2011
Por Fábio Prikladnicki
Fotos: Adriana Franciosi